A Frente Parlamentar de Acompanhamento do Atendimento Especializado à População de Rua composta pela Câmara Municipal de São José do Rio Preto realizou a primeira reunião para debater a suposta mudança de local do CentroPop da avenida Philadelpho Gouveia Neto para o bairro Boa Vista – o que gerou um levante dos moradores da localidade e que motivou a criação da Frente Parlamentar.

A reunião foi aberta pelo presidente da Frente Parlamentar, vereador Jonathan Santos (Republicanos), que lembrou ser a questão dos moradores em situação de rua “um problema crônico, “que se arrasta há anos.” Jonathan lembrou ainda que o foco do debate não “é só a mudança do Centro Pop, mas políticas públicas para que possamos resolver (problema dos moradores em situação de rua), achar uma saída”, disse o presidente da Frente.

Na sequência, foi a vez do vice-prefeito e secretário de Obras, Fábio Marcondes (PL), fazer uso da palavra. Marcondes, que foi indicado pelo prefeito Fábio Candido (PL) para coordenador um grupo de estudos sobre a questão, anunciou que em 30 dias o grupo que coordena vai apresentar um estudo técnico sobre qual deve ser o encaminhamento do município em relação ao CentroPop e políticas sociais para pessoas em situação de rua.

“Qual a necessidade de concentrar todos os serviços do CentroPop (acolhimento, escuta, convivência, higiene, encaminhamento etc) num único local? Temos várias entidades que podem nos ajudar a fortalecer esses serviços de maneira descentralizada. Cada uma fazer um tipo de atendimento. O prefeito pediu esse estudo. Só não podemos politizar essa questão. Precisamos por um ponto final e resolver”, afirmou Marcondes.

O vice-prefeito disse ainda que “não tem nada definido” em relação ao Boa Vista. “Não tem nada definido nem se vai ter um novo CentroPop. Em 30 dias vamos apresentar plano para moradores de rua sem prejudicar nenhum bairro, porque nenhum bairro quer, um novo jeito de tratar essa questão”.

Moradores se manifestam

A fala de Marcondes foi rebatida por representante dos moradores do bairro Boa Vista, Maicon Santanhelo. “Estamos cansados de vir aqui na Câmara e não ter uma definição. Alguém aqui perguntou por que não o CentroPop no Boa Vista? Porque minha mãe teve um prejuízo de R$ 10 mil com furto de fios. Minha mulher foi caminhar e tinha moradores de rua se masturbando. Meu vizinho foi quatro vezes roubado. É casal fazendo sexo na rua. Não temos segurança. Infelizmente não tive condição de ir morar em condomínio”, disse Santanhelo, que foi seguido por outros moradores e comerciantes do bairro, como Carlos Marechal e Moacir Gomes de Melo.

Já a coordenadora do Centro Pop, a assistente social Sônia Mielli, explicou tecnicamente o funcionamento do equipamento social e os serviços prestados. Lembrou que o Centro Pop precisa estar próximo de onde está a maior concentração de fluxo dos moradores de rua e que é um local de atendimento, como alimentação, higiene e atendimento social, e não um local de abrigo e acolhimento. “Para isso temos a Pousada Esperança, a Casa de Cirineu e outras. Mas não podemos obrigar ninguém. São pessoas adultas. Elas têm que escolher.”

Moradia digna e segurança

Quem também participou da reunião foi o coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Walter Melo Machado Júnior. Ele disse que “qualquer solução a ser alcançada deve se pautar em evitar a marginalização da população em situação de rua ao mesmo tempo em que se assegura a moradia digna e segurança dos moradores”.

Interesse econômico

Na sequência, o vereador João Paulo Rillo (Psol) disse que o prefeito errou e deveria admitir o erro, “pedir desculpas” e recuar. “Anunciou a mudança, talvez de maneira inocente, a pedido de um hipermercado. O Centro Pop tem de ficar onde está, com todas as políticas públicas e equipamentos necessários. Já foi investido, criou vínculos e as pessoas estão lá. Se vai investir em um novo, que seja investido onde já está. Não podemos colocar os interesses econômicos acima dos interesses da população rio-pretense pagadora de impostos.”

Participaram ainda da reunião o secretário de Governo, Eduardo Tedeschi e os vereadores Alexandre Montenegro (PL), Dinho Alahmar (PL), Felipe Alcalá (PL), Pedro Roberto (Republicanos) e Renato Pupo (Avante), entre outras autoridades.

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