Representantes da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) divulgaram nesta quarta-feira, dia 23 de abril, que a instituição pretende implantar nove cursos no campus de São José do Rio Preto. O número é maior do que o anunciado nas tratativas iniciais, quando a instituição falava em seis cursos. A proposta das graduações foi apresentada no Plenário da Câmara, durante reunião da Frente Parlamentar que acompanha a chegada da universidade federal na cidade. O colegiado é presidido pelo vereador João Paulo Rillo (Psol). A instituição de ensino foi representada por Danilo Giroldo, assessor especial da reitoria da Ufscar, e por Lisandra Marques Gava Borges, integrante da Comissão de Implantação do campus em Rio Preto.

A unidade rio-pretense terá um modelo pedagógico em ciclos. No primeiro ciclo, a Ufscar quer implantar três cursos, todos de bacharelado e são os seguintes: Artes; Ciências e Humanidades; e Ciência e Tecnologia. O aluno pode concluir esse primeiro ciclo no período que varia de dois anos e meio a três anos.

Depois de titulado, o estudante pode, se desejar, participar de um processo interno e ingressar no segundo ciclo e, assim, conseguir novos diplomas, com formações mais específicas. Ligado ao bacharelado de Artes, surgem, na segunda fase, os cursos de Artes Cênicas e Produção Cultural.

Relacionado ao bacharelado de Ciências e Humanidades, estão os cursos de Arquitetura e Urbanismo (com ênfase em habitação de interesse social) e o de Serviço Social.

Já ligado ao ramo de Ciência e Tecnologia, a Ufscar propõe mais dois cursos: o de Inteligência Artificial e Ciência de Dados e o de Engenharia de Manufatura e Design.

Os estudantes podem concluir o segundo ciclo em um prazo de um ano e meio a dois anos. A flexibilidade curricular vai permitir que cada aluno faça a escolha mais adequada ao seu perfil e também às necessidades e especificidades do mercado de trabalho. “Ele têm mais autonomia na escolha das disciplinas, não é um currículo fechado. Quando você forma uma pessoa numa perspectiva interdisciplinar, ela está mais preparada para enfrentar as incertezas do mundo do trabalho. É algo que responde aos desafios da contemporaneidade”, explica Danilo Giroldo. E complementa: “em cinco anos, o estudante pode ter dois diplomas. Em sete anos, quatro diplomas”.

Além disso, para todos as áreas estão previstas ações que integrem os estudantes à comunidade, com projetos de incubadora cultural e incubadora de base tecnológica em parceria com Parque Tecnológico (Partec), por exemplo.

Para chegar aos nove cursos dessa primeira proposta, os representantes da Ufscar levaram em consideração os pedidos da comunidade, as demandas da cidade, indicadores socioeconômicos, os setores produtivos e a representatividade deles no Estado e até mesmo dados de vulnerabilidade do município, como indicadores de violência contra mulheres e crianças. Além disso, foram priorizadas áreas de formação nas quais a Ufscar ainda não atua. Foram considerados ainda custos de instalação de cada curso e limitação de espaço físico (considerando que os primeiros alunos vão usar o prédio do Instituto Federal, até que o campus seja construído próximo ao Partec). No campo pedagógico, foi dada atenção para as conexões interdisciplinares e a flexibilidade curricular.

Pedidos não atendidos

Os pedidos de cursos de Direito, de Saúde e de Engenharia Biomédica - que foram solicitados por alguns setores da sociedade durante audiências públicas realizadas no município - não foram atendidos nesse momento. Alto custo de instalação (no caso da Saúde) e abundância de profissionais no segmento (no caso do Direito) foram fatores que barraram a instalação.

Próximos passos

Na sexta-feira, dia 25 de abril, será realizada uma audiência pública na Ufscar para apresentação dessa proposta inicial de cursos. Em maio, os responsáveis pela implantação do novo campus vão levar ao Conselho Universitário da universidade um documento-referência, no qual vai constar a vocação do campus rio-pretense, assim como as sugestões de cursos. É o conselho que dá o aval final sobre as atividades que serão implantadas em Rio Preto. A intenção é que os cursos já comecem em março de 2026. Mas tudo precisa estar organizado ainda este ano para que as carreiras sejam oferecidas pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada), uma vez que esse sistema executa a seleção dos estudantes com base na nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), previsto para novembro de 2025.

Para a construção no campus serão investidos recursos federais da ordem de R$ 50 milhões. Outros R$ 10 milhões serão aplicados em equipamentos. Esses recursos precisam estar empenhados até 2026.

Participação

A reunião que marcou o anúncio feito pela Ufscar foi acompanhada por inúmeras autoridades políticas. Estiveram presentes o presidente da Câmara, Luciano Julião (PL), além dos vereadores Eduardo Tedeschi (PL) e Odélio Chaves (Podemos). O Poder Executivo foi representado pela secretária de Educação, Renata Azevedo, e pelo secretário de Planejamento, Mauro Alves dos Santos Júnior, que também é gestor do Partec. Integrantes de entidades empresariais, do setor educacional, artistas e movimentos sociais também marcaram presença.

O vereador João Paulo Rillo, presidente da Frente Parlamentar que acompanha a implementação da universidade, acredita que a proposta apresentada vai ao encontro do que o município necessita. “Eu achei fantástica as escolhas, ela dialoga muito com aquilo que a cidade precisa. Essa primeira base pode criar novas possibilidades. Começamos com seis, nove cursos, mas podemos chegar a 20 em pouco tempo.”  

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